Diretor: Woody Allen
Elenco: Owen Wilson, Rachel McAdams, Marion Cotillard, Kathy Bates, Adrien Brody, Carla Bruni, Michael Sheen.
Woody Allen já conseguiu façanhas no mínimo surpreendentes, como ganhar o Oscar de melhor filme em 1977, batendo o preferido “Star Wars IV”, e superar George Lucas e Steven Spielberg no mesmo ano para o de melhor diretor.
Essa interessante introdução foi somente para ressaltar como um diretor com o passado afirmado continua a buscar na sétima arte a resposta para os sentimentos humanos (não só dos nova-iorquinos agora...). Depois de retornar ao tema sobre como o amor é algo sem explicação lógica de “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” de forme revigorante em “Vicky Christina Barcelona”, Allen utiliza um recurso que só conseguimos familiarizar com o de “Rosa Púrpura do Cairo”, a fantasia inexplicável.
Gil Pender (Owen Wilson) é um escritor de roteiros para Hollywood, porém em sua segunda visita à cidade luz com sua futura mulher Inez (Rachel McAdams), ele simplesmente se apaixona pela cidade, com toda a sua vivacidade e apreço pelas artes. Enquanto quer desfrutar dos pequenos e apaixonantes prazeres de Paris (com o objetivo de se sentir nos anos 20 para obter inspiração para sua novela), ela só quer saber de sair com seu amigo Paul (Michael Sheen), que claramente fica tentando impressioná-la com seus conhecimentos. Certa noite em que Gil sai para caminhar, ele se perde e de repente um carro antigo para na sua frente e o convida para “passear e se divertir”, ele aceita e logo após se encontra na época dourada em seu conceito, e conhece todas as figuras importantes de então. As complicações começam quando Gil se apaixona por uma mulher de outra época, Adriana (Marion Cotillard, arrebatadora), separados pelo tempo (e por conceitos, como o filme mostra adiante).
Allen começa o filme de forma parecidíssima com “Manhattan”, fazendo sua declaração de amor à cidade, com diversos deliciosos minutos que mostram como a cidade inteira está viva e pulsante, diferente do conceito de alguns que julgam Paris como um museu. Owen interpreta Gil de forma contida, sempre calmo. O destaque fica para a interpretação dos ícones, Scott e Zelda Fitzgerald (Allison Pill e Tom Hiddleston, que havia dado um show em “Thor”), Ernest Hemingway de Corey Stoll, sempre passando a sua aura de perigo e sabedoria por mais que sempre tenha uma garrafa à mão, Gertrude Stein de Kathy Bates com sua presença confortante, até o Salvador Dalí cheio de tiques de Adrien Brody é fascinante.
O filme é uma jóia rara no atual currículo de Allen, que retorna ao timing cômico que tinha nos tempos de “Hannah e suas Irmãs”, e não força a mensagem que quer transmitir através de falas escancaradas, muito pelo contrário, o filme retrata a semelhança básica entre todas as gerações - a vontade de viver no passado com os ícones que aprendemos a louvar - de forma sutil. Uma deliciosa ode sobre a passagem do tempo.
Nota: 9/10
Crítica por Masami Sato Jr
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente com respeito...ou não